Setealem

Você já foi para SETEALÉM? Lá acontece fenômenos inexplicáveis

1/4/20244 min read

SETEALÉM

Você já foi para SETEALÉM? Lá acontece fenômenos inexplicáveis.

Capítulo 1: A Pergunta no Ônibus

O céu nublado refletia o humor de Lucas enquanto ele esperava o ônibus no ponto isolado do centro da cidade. Era um dia comum, cinzento e arrastado. Nada parecia fora do lugar, até o instante em que o ônibus parou e uma senhora de aparência cansada, já idosa, segurou seu braço antes que ele subisse.

— Você não vai para Sete Além, vai? — ela sussurrou com uma voz rouca, quase suplicante.

Lucas hesitou, mas achou que era apenas uma velha confusa. Sorriu com desconforto, respondeu que não, e embarcou. O motorista nem o olhou. Dentro do ônibus, o silêncio era absoluto. As poucas pessoas pareciam... estáticas. Ninguém se mexia, ninguém falava. Apenas encaravam o vazio com olhos opacos.

O caminho começou a mudar. As ruas familiares deram lugar a becos que ele nunca vira antes. As janelas mostravam paisagens deformadas, como se a cidade estivesse derretendo.

Quando tentou puxar a cordinha para descer, nada aconteceu. Até que, subitamente, o ônibus parou.

— Aqui é o fim da linha — disse o motorista com um sorriso torto.

Lucas foi empurrado para fora, e quando se virou, o ônibus já tinha sumido, engolido por uma rua que sequer existia no mapa.

Capítulo 2: A Rua Que Não Devia Existir

A rua era estreita, feita de paralelepípedos rachados e envolta por prédios antigos cobertos de fuligem. O ar estava parado, frio, mas não era um frio comum — era como se o próprio ar rejeitasse seu corpo.

Lucas olhou em volta, tentando entender onde estava. Nenhuma placa, nenhum sinal de vida comum. Apenas o som distante de um sino, badalando devagar, arrastado.

Avançou, hesitante. Os postes acendiam sozinhos à medida que ele caminhava, lançando sombras esquisitas nas paredes. Uma vitrine exibia manequins com expressões humanas demais. Um deles parecia acompanhar seus movimentos com os olhos.

Foi quando ouviu passos atrás de si. Virou-se. Ninguém.

Mas ele sabia: não estava mais sozinho.

Capítulo 3: O Reflexo Que Não Era Seu

Buscando abrigo, Lucas entrou num pequeno armazém abandonado. As paredes estavam cobertas de espelhos antigos, manchados e trincados. Ele se aproximou de um deles.

O reflexo o encarava, mas com um leve atraso. Ele piscou. O reflexo não.

De repente, o reflexo sorriu. Lucas recuou, o coração batendo em desespero. Tentou sair, mas a porta havia sumido.

Atrás de si, ouviu vozes sussurradas. Uma criança? Uma mulher? Não conseguia distinguir.

Então, todas as imagens nos espelhos começaram a se mover por conta própria, mostrando versões corrompidas dele mesmo. Chorando. Gritando. Morrendo.

Ele fechou os olhos e, quando abriu, estava novamente na rua. Mas algo havia mudado nele. Algo dentro.

Capítulo 4: Os Habitantes

Ao virar a esquina, Lucas viu pessoas. Ou algo que parecia pessoas.

Elas caminhavam devagar, como se arrastassem o próprio tempo. Os olhos — aqueles olhos — jamais piscavam. Quando ele passou por um grupo, todos pararam e o encararam ao mesmo tempo.

Lucas congelou. Um deles, uma mulher com o rosto branco como cera, sussurrou:

— Você voltou.

Ele tentou negar, tentou correr, mas suas pernas pesavam como chumbo.

Outro homem se aproximou, sorrindo:

— A marca está em você agora.

Eles não o atacaram, mas também não o deixaram ir. Apenas observaram enquanto ele se afastava, tremendo.

Capítulo 5: Os Portais

Lucas precisava sair. Correu por vielas, becos, túneis. Em cada esquina, via reflexos da cidade real, como se estivesse dentro de um sonho distorcido.

Lembrou-se das histórias — portais em espelhos, elevadores, túneis.

Encontrou um edifício abandonado com um velho elevador de ferro. Entrou. Os botões estavam todos apagados, exceto um: o número sete.

Apertou. O elevador desceu. Longamente. Tempo demais.

Quando as portas se abriram, não estava em um andar. Estava num campo cinzento, sob um céu imóvel.

E à sua frente, uma casa.

Capítulo 6: A Casa do Chamado

A casa parecia respirar. As janelas se expandiam como pulmões. Portas batiam sem vento.

Lucas entrou. O interior era igual à casa de sua infância, mas apodrecida. Fotos na parede mostravam cenas que ele não viveu. Pessoas que não conhecia. Mas seu rosto estava lá, em todas elas.

No quarto principal, um espelho oval. Seu reflexo desta vez sangrava pelos olhos.

— Sete Além não é um lugar — disse o reflexo. — É um eco.

Atrás de si, a casa desapareceu.

Capítulo 7: O Tempo Estilhaçado

Lucas andava por um mundo onde não havia dias. O tempo se arrastava como uma febre.

Relógios quebrados. O céu imóvel. Sua barba crescia e caía no mesmo dia.

Ele via pessoas do seu passado — mortas, esquecidas — vagando como fantasmas. Uma professora. Um antigo amor. Um irmão que ele nunca teve.

— Isso aqui é você — sussurrava uma sombra com sua voz. — Um espelho do que nunca existiu.

Lucas chorou, mas não havia lágrimas.

Capítulo 8: A Tentativa de Voltar

Decidido a escapar, Lucas procurou o ponto onde tudo começou. Um túnel. Um sonho. Um limite.

Correu por uma estrada sem fim, perseguido por risos que ecoavam sem fonte. Entrou num prédio com janelas seladas. No topo, um espelho.

Ele o quebrou com os punhos. Sangue e estilhaços.

Acordou no chão de sua casa. Suando, tremendo. A televisão ligada, transmitindo estática.

Parecia ter voltado. Mas algo estava errado.

Capítulo 9: O Olhar que Não Pisca

No dia seguinte, foi à padaria. O atendente o olhou, e não piscou.

No metrô, uma mulher o observava com um sorriso congelado.

Em casa, todos os espelhos estavam cobertos com lençóis.

Mas um, no banheiro, estava limpo. E o reflexo... não o acompanhava.

Lucas desligou as luzes e chorou no escuro.

Capítulo 10: Sete Além Nunca Deixa Você

Os dias passaram, ou assim pensava. Mas o tempo não voltava a ser o mesmo.

Sonhava com a casa respirando. Com os olhos fixos dos habitantes. Com o frio que vinha de dentro.

Recebia cartas em branco. O telefone tocava, e uma voz dizia:

— Você me deixou aqui.

Lucas sabia. Sete Além não era um lugar. Era uma cicatriz. Uma marca.

Ele fora escolhido. E agora...

Era sua vez de chamar outro para o ônibus.

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